terça-feira, agosto 16, 2005

Uma noite em Manila

















Da janela do avião já conseguia ver as ilhas filipinas verdes e recortadas como peças de puzzle soltas no azul do mar. Em algumas delas os canais de água assemelhavam-se a artérias que irrigavam de vida o espaço físico. As construções, rurais e de pequena dimensão, apareciam de forma mais ou menos desorganizada fazendo adivinhar desde logo o baixo nível de desenvolvimento do país.
Manila vista de cima era o somatório desta realidade. Uma imensidão de pequenas casas de cores fortes que oscilavam entre o amarelo o azul e o rosa velho, a fazer lembrar uma Rocinha colorida e alegre.
Já em terra, a forte presença policial fez-se sentir logo que saímos do aeroporto. O ambiente de calma aparente cria-me alguma angústia e confesso que fiquei reticente. Os carros são revistados por questões de segurança e o transfer q nos esperava, como aliás a maior parte dos veículos, tinha vidros fumados porventura pelas mesmas razões. Alimentada pela excitação da novidade ignorei este facto e entrei no carro aproveitando o facto de ninguém me ver para fazer algumas anotações visuais daquele admirável mundo novo.
Manila é um misto de Ásia e América Latina. A tez carregada dos rostos e o verde tropical da vegetação transportam-me por segundos para o meu querido Rio de Janeiro, enquanto que os edifícios do legado espanhol me fazem lembrar momentaneamente La Havana velha e colonial. Acordo destes pensamentos com o som da buzina premida pelo o motorista. O coitado tenta desesperadamente vencer o trânsito caótico, sem lei e definitivamente asiático. Os carros ultrapassam pela esquerda e pela direita, não respeitam rotundas nem sinais, sendo o porte do veículo mais importante para definir prioridade à passagem do que as normas escritas no código. Veem-se muitas motas e triciclos a motor a que chamam trikes, são imensos!!!Em conjunto deslizam pelas estradas contando com a criatividade dos condutores habilidosos para furar aquela imensa massa de lata ambulante.
Enquanto me divertia com este circo louco descobri um meio de transporte colectivo que até então desconhecia existir. A frente igual à de um Jeep e a traseira prolongada e aberta atrás para facilitar a entrada de passageiros. São decorados com pinturas vivas e extravagantes e cada um tem um nome personalizado. Lembro-me de passar pelo Top Gun.
O guia explicou-me serem Jeepneys, antigos Jeeps da II Guerra Mundial, abandonados pelos americanos aquando da ocupação de Manila que foram posteriormente convertidos pelos locais nestes mini buses hilariantes.
O Pinguim estava com um sorriso de orelha a orelha, como eu o compreendia!
Já no hotel experienciamos um tratamento acolhedor e atencioso.Quando descemos para jantar espreitamos a festa de casamento de um casal de filipinos que decorria numa das salas de restauração. Os noivos, sentados num palco ao lado de um bolo de andares "very kitsch", olhavam radiantes a plateia de convidados dispersa por mesas ao longo da sala. Os amigos e familiares subiam ao palco um a um para, com a ajuda de um microfone, felicitarem e elogiarem o casal. Comentamos então termos tido um casamento bastante discreto afinal, pelo menos para os padrões asiáticos...

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