quarta-feira, janeiro 25, 2006

Festa de Despedida

Já falta pouco para a partida! A ansiedade começa a aparecer e os dias passam a "conta-gotas". É como se estivesse na recta final de uma época de exames já farta dos livros e a pensar em praia mas com o alento de só faltar mais um para terminar...um misto de excitação e desespero portanto.
Entretanto, aos poucos começo já a pôr em marcha os preparativos. Tenho uma série de "pendentes" burocráticos a tratar e para esses infelizmente ainda não ganhei coragem.Refiro-me por isso aqueles que me dão gosto!
Por sugestão da minha mãe procurei a minha roupa de bebé dos 70's e encontrei vários "modelitos" retro muito originais e unissexo!É que o vintage está na moda e nada como ver o meu pequenino com trapinhos que me serviram em tempos!Neste momento já lavados, estão prontos a serem devidamente restaurados para que fiquem com um ar imaculado!
Estou também a organizar uma festinha de despedida com alguns amigos em Lisboa. Vai ser este fim-de-semana e vão estar presentes todas as minhas amigas de Coimbra com excepção da Patty que não tem vergonha na cara e se vai cortar!Má :(((!!!!
Vamos jantar ao Bairro Alto a um restaurante que a Susana G. conhece e diz ser muito bom!Fiz uma pesquisa rápida no Google e vem em destaque no roteiro Gay de Lisboa, isto recorda-me a minha despedida de solteira em Ibiza pelo que achei uma óptima ideia retomar o espírito Ibiziano! (ainda tenho que publicar um post sobre as aventuras na praia das Salinas ;))
Claro que, a pedido do Hélder Belzebu (que vai sorrir quando me vir pelas costas por não ter de me aturar), o jantar será servido apenas após o clássico Benfica - Sporting ou o único homem à mesa seria o Carlos, marido da Santos, que não gosta de "bola".
Vou também despedir-me de Lisboa (estou sempre a despedir-me de Lisboa...), da sua luz, das suas 7 colinas da minha casinha que agora raramente tenho oportunidade de visitar e da minha mana. Deixo tudo para trás para embarcar na grande aventura da maternidade fora de "portas" na terra do tio Sam.
Por ora apenas posso dizer que já tenho as turbinas ligadas pronta a descolar...esperam-me graus negativos, neve, lugares e pessoas para conhecer, espera-me um parto em inglês ("oh my GOD!!!"), um cantinho de estudante para viver, um jeep em segunda mão, o lago Michigan e muitas outras coisas que aqui irei escrever...e há ainda alguém que nos espera, a mim e ao António para uma nova vida a três :))))))!!!!!!

segunda-feira, janeiro 23, 2006

O pianista



















Enroscada numa mantinha de vison falso acompanho, pela enésima vez e já um tanto ou quanto entediada, os comentadores políticos sobre as presidenciais...um dejá vu das últimas semanas apenas com a nuance de haver já um vencedor...escuto ao longe as vozes exaltadas e devagarinho vou-me alheando dos porquês e das estatísticas e finalmente fecho os olhos...acordo novamente com um som de fundo melódico, emocional que me cativa e fico atenta. É o som de um piano magnificamente tocado por um vizinho talentoso. Desligo a T.V. e fico a ouvir encantada...há quanto tempo não sentia assim a música de um piano?Há muito, demasiado talvez...recordo o filme "O Pianista" e imagino o intérprete-mistério com a mesma carga emotiva. Ouvi-lo assim, do meu sofá, no silêncio e na penumbra da noite faz-me sentir privilegiada, como se tocasse só para mim numa enorme sala de concerto... outros dias há, em que os sons da rotina quotidiana de outros vizinhos me chegam também pelos canos e pelas paredes. Dividir um espaço na vertical tem destas vicissitudes e acabo por conhecer alguns hábitos de pessoas que não tento identificar, mas que estabelecem comigo rotinas sem o saberem. Já não estranho uma certa voz feminina a entrar-me pelo escritório a dentro a partir da meia-noite ou um latido fininho de um cão que imagino de pequeno porte...talvez um Pincher ou outro cão a pilhas desse género. O pianista faz parte desta rapsódia de sons da vida alheia que se tornam mais presentes quando vivemos sozinhos.

Às 27 semanas, e com o sistema auditivo totalmente formado, também o António recebe estímulos auditivos do exterior e a minha voz será um deles. Tem portanto inúmeros "vizinhos" através dos quais começa a conhecer o mundo porque também ele é um atento habitante solitário dentro de mim. Os sons que lhe faço chegar transmitem-lhe calma ou angústia, excitação ou relaxamento, já os sente sem saber de onde vêm e reage dando-me pequenos pontapés; não gosta por exemplo do secador de cabelo e demonstra-o sem qualquer problema.
Gostava que tivesse o seu próprio pianista mas infelizmente não sei tocar. Inspirada nesta ideia recolhi da minha colecção de clássicos algumas peças musicais e, enquanto componho este texto dou-lhe a conhecer o som de violinos, piano e flautas na esperança que também ele se encante pela musicalidade...porque há prazeres que se retiram da espontaneidade do momento, aproveita bébé, este é para ti!

sexta-feira, janeiro 20, 2006

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Assalto ao Frigorífico

Hoje de manhã tive consulta de obstetrícia. Levantei-me entusiasmada e preparei-me meticulosamente para o rendez-vous com a balança da maternidade. Esta balança é de uma precisão irrepreensível!!não deixa escapar a oscilação de gramas sendo por isso usada pelos médicos. Desenvolvi uma fobia à maldita máquina por saber o responso que apanho sempre que ouso por-lhe os pés em cima.
Tinha prometido na última consulta que não aumentaria muito de peso, que me iria comportar bem, mas intimamente sabia que isso seria de uma violência comparável às requintadas práticas de tortura dos inquisidores .
Teria, em defesa de uma dieta equilibrada e saudável para mim e para o António, de fazer um Natal Light, Diet sem direito a todas as iguarias maravilhosas que nos passam à frente durante pelo menos uma semana. Quando me comprometi a ser comedida estava até muito bem intencionada, mas o meu plano foi por água abaixo quando me propus a organizar a consoada em minha casa, tendo consequentemente enchido o frigorífico de coisas óptimas e calóricas.
Era um plano perfeito se seguido à risca: a única excepção permitida seria nos dias de Festa resumidos a 3 salvo os quais faria boicote às filhoses, coscoreis, chocolates e restantes doces e queijos que compunham o enorme "cabaz de Natal".Mas, devido à minha condição de simples humana, dia após dia fui perdendo a disciplina e a timidez com o frigorífico, primeiro de forma menos arrojada e com o pretexto de não estragar comida mas à medida que me ia deleitando com os sabores e cheiros que me entravam pela boca e nariz fui perdendo o pudor e acabei em actos de vandalismo descontrolado que nada têm em comum com a relação de Kim Basinger com a comida em "Nove semanas e meia".
E hoje ali estava para prestar contas tal réu em dia de julgamento. Vesti o meu vestido de malha mais leve, tipo película, substitui as pesadas botas de inverno por uns elegantes sapatinhos que devem pesar no máximo 300 gramas e se a médica me perguntasse o que teria a dizer em minha defesa apenas retorquiria pouco convicta - "o bébé deve ser ENORME e pesado como o pai meretíssima, isto é só barriga".
Lá me arrastei contrariada para cima da dita-cuja, despindo o casaco para me aliviar de mais uns kilos e...surpresa das surpresas... aumentei apenas meio kilo!A médica satisfeita ainda me disse que os americanos se iriam espantar com uma pré-mamã tão elegante!Sorri pensando "Quem disse que o crime não compensa?"

segunda-feira, janeiro 16, 2006

16

Após um mês e meio de abstinência decidi retornar à blogosfera e alhear-me das inúmeras pequenas tarefas quotidianas com que me ocupei nos últimos tempos. É perverso o comodismo das pequenas coisas úteis, se por um lado nos ocupam o tempo e a mente na preocupação de fazer o mais rápido e o melhor possível, por outro, desviam-nos a atenção das coisas que realmente apreciamos. Vemo-nos de repente embalados num rame-rame de inúmeros afazeres absolutamente aborrecidos mas inequivocamente essenciais para que o dia-a-dia flua de feição...podemos estar nisto anos, uma vida inteira sem que nos apercebamos de como fomos inteiramente desviados dos grandes e nobres planos para que fomos destinados neste mundo.
Foi o número 16 que me acordou deste "coma" consciente em que me tenho encontrado mergulhada.
As referências exteriores do Eu podem ser tão abstractas e simples como um algarismo mas suficientemente fortes para despertar uma espécie de reflexo de Pavlov no pensamento.
Hoje é o primeiro dezasseis do ano e por uma questão de superstição achei por bem visitar o gato psicopata com o pé direito..é que 16 é o meu número da sorte, aquele que meto nos boletins do totoloto e em que penso quando me fazem um truque de cartas. O magnetismo que o um e o seis juntos têm sobre mim vem do tempo em que, ainda criança, me queria emancipar. Considerava que quando ai chegasse sofreria a desejada metamorfose que me transformaria em mulher. O meu pai tentou em vão explicar-me que a emancipação vinha mais tarde ,com a conta bancária, mas na altura a mesada que recebia parecia-me património mais que suficiente para conquistar o mundo. A curiosidade era enorme e acabei por abandonar a minha amiga e confidente Tucha (antecessora da Barbie) para dedicar toda a minha atenção ao meu recém-estatuto de sweet sixteen. Lembro-me certo dia de, num acto de crueldade feminina, eu e uma amiga termos dito de outra que era feia feia!! ao que a minha mãe respondeu a rir que com 16 anos não existem meninas feias...e de facto tinha razão...
No dia 16 de Setembro de 1996 encontrei a minha cara-metade à qual, findos 9 anos de namoro disse SIM no dia 16 de Julho pelas 16 horas há precisamente 6 meses. Por essa razão quis vir aqui assinalar esta meia data para mim tão especial... o número foi apenas o pretexto ;)